terça-feira, 6 de outubro de 2009

PECAMINOSA HISTÓRIA DOS 700 EM 7 SOB 7 VÉUS E MAIS 7

– Agora chega, Faraó. Daqui a pouco, o mundo acaba e a gente ainda não terminou de organizar essa muvuca.
– Mu o quê?
– MU-VU-CA.
– Nunca ouvi tal blasfêmia. De onde você tirou isso? De pedra ou pergaminho?
– Estúpido. Tirei do Piramigoogle. De onde mais, me diga, poderia ter sido? Vossa faroência me imagina lascando pedra rodeada de cobras no deserto? Ou tossindo ao inalar o pó dos cafundós em meio a pergaminhos desbotados pela eternidad e? Santa ingenuidade. Não te disse que pusemos a molecada pra trabalhar na beira do Nilo, com direito a computador de bordo? Que memória insuficiente, meu Faraó! Estão lá todos os teus filhos em busca dos maiores segredos da humanidade para enriquecer o conhecimento de teu reinado. Em verdade, tem uma rapaziada meio fora de prumo que, em noite de insônia, também tem botado a criatividade pra navegar. Eles buscam, buscam e, quando não acham, inventam eles mesmos alguns segredinhos – mas dos bons , viu! – para deixar a história da humanidade um pouco mais picante, digamos.
– Fiquei calado. Caladinho. Ouvi o parágrafo inteirinho sem dizer nada, mas, sabe por quê? Porque enquanto falavas, antes mesmo de chegar no “do” do teu estúpido, eu já registrava neste pergaminho que lhe mantém a vida salva – ainda – mais umas chicotadas de açoite na tua cota. Repete se tu tiveres coragem mais um estúpido diante ou por trás de meu nekhakha.
– Sorry. Me excedi, eu sei. Mas o tom era de carinho, hás de convir. Meu estúpido nunca foi de estupidez. Encerra, sim, a falta de sintonia, de intimidade crística, que ainda nos afasta um do outro.
– Porque tu queres. Fosse eu obedecido como, em verdade, todo faraó deve ser, já teríamos ultrapassado as fronteiras dessa intimidade que criticas da boca pra fora há coisa de 70 séculos, no mínimo. E te garanto que não levaria mais de 7 minutos pra tudo estar concluído. Aliás, chegue mais pra cá... Deixe-me pousar os olhos sobre os lábios que neste momento vejo os raios do sol a tocarem levemente... Vem mais perto... Tua pele brilha quando o sol a encontra, sabias? Aqui, recostada no pilar. Quieta. Não olhe pra mim. Quieta, quieta. Olhe pro céu, para o sol... Gosto também de acompanhar, na sombra, enquanto tua boca vai secando pela ardência provocada pelos raios, os contornos da tua orelha, assim que consigo alcançá-la, arrancando-lhe, com meus dedos, estes fios de cabelos dourados... Praga. Fique imóvel, estou ordenan do.(...)
Giselen  Centenaro  - continua no Portal de Propaganda

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