terça-feira, 27 de outubro de 2009

"Hotel Atlântico" -Mostra Internacional de Cinema.



Diretora de obra sucinta mas substancial, Suzana Amaral ("A Hora da Estrela", "Uma Vida em Segredo"), 77 anos, está feliz da vida com a repercussão de seu terceiro longa, "Hotel Atlântico" em São Paulo, onde teve sua primeira sessão no último domingo, na Mostra Internacional de Cinema.
Julio Andrade e Mariana Ximenes contracenam em "Hotel Atlântico", de Suzana AmaralEm entrevista por telefone ao UOL Cinema, Suzana comenta: " A sala (Arteplex 1) estava lotada, havia gente sentada no chão. Depois do filme, ninguém queria ir embora. Até eu fiquei surpresa. E eram pessoas comuns. Hoje (segunda) ainda estou recebendo telefonemas, e-mails, me cumprimentando". Uma recepção, como ela faz questão de lembrar, bem diferente da frieza sofrida pelo filme no Festival do Rio, encerrado no último dia 8. A diretora compara a reação também no Festival de Toronto. "Lá também meu filme foi recebido de maneira bem diferente do que no Rio. Acho que ele não é para balneário. Eles devem querer 'Os Normais'", provoca.
Tal como aconteceu em seus dois primeiros filmes, em "Hotel Atlântico" Suzana partiu novamente de uma obra literária, no caso, o livro homônimo do autor gaúcho João Gilberto Noll. A diretora conta que queria "modificar sua rota". E complementa: "Procurava uma obra em que narrativa não fosse tradicional, que não contasse uma história. Este livro foi na direção que eu pretendia".
No filme, o protagonista é um ator sem nome, eventualmente designado como Artista (Júlio Andrade, de "Cão sem Dono"), que abandona uma cidade, percorrendo uma trajetória sem rumos muito definidos. No caminho, encontra pessoas inusitadas - caso de um sacristão um tanto profano (Gero Camilo, de "Carandiru"), a fogosa filha de um político (Mariana Ximenes, de "Bela Noite para Voar") e um enfermeiro (João Miguel, de "O Céu de Suely"). Várias vezes, seu corpo e sua vida correm riscos.

O tom que Suzana procurou para a história foi assumidamente o "estranhamento". Ela explica: "Não tem psicologismo nenhum, ele só vive o momento, pula de circunstância em circunstância e uma não tem nada a ver com a outra. É antilinear".

A diretora também tem métodos bem particulares tanto para escolher seus elencos, como para dirigi-los. "Não faço testes, acho um desrespeito com o ator. Tenho intuição, dá para saber se o ator é bom ou não só de vê-lo meia hora, no teatro, no cinema", garante.

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