Diretora de obra sucinta mas substancial, Suzana Amaral ("A Hora da Estrela", "Uma Vida em Segredo"), 77 anos, está feliz da vida com a repercussão de seu terceiro longa, "Hotel Atlântico" em São Paulo, onde teve sua primeira sessão no último domingo, na Mostra Internacional de Cinema.
Julio Andrade e Mariana Ximenes contracenam em "Hotel Atlântico", de Suzana AmaralEm entrevista por telefone ao UOL Cinema, Suzana comenta: " A sala (Arteplex 1) estava lotada, havia gente sentada no chão. Depois do filme, ninguém queria ir embora. Até eu fiquei surpresa. E eram pessoas comuns. Hoje (segunda) ainda estou recebendo telefonemas, e-mails, me cumprimentando". Uma recepção, como ela faz questão de lembrar, bem diferente da frieza sofrida pelo filme no Festival do Rio, encerrado no último dia 8. A diretora compara a reação também no Festival de Toronto. "Lá também meu filme foi recebido de maneira bem diferente do que no Rio. Acho que ele não é para balneário. Eles devem querer 'Os Normais'", provoca.

No filme, o protagonista é um ator sem nome, eventualmente designado como Artista (Júlio Andrade, de "Cão sem Dono"), que abandona uma cidade, percorrendo uma trajetória sem rumos muito definidos. No caminho, encontra pessoas inusitadas - caso de um sacristão um tanto profano (Gero Camilo, de "Carandiru"), a fogosa filha de um político (Mariana Ximenes, de "Bela Noite para Voar") e um enfermeiro (João Miguel, de "O Céu de Suely"). Várias vezes, seu corpo e sua vida correm riscos.
O tom que Suzana procurou para a história foi assumidamente o "estranhamento". Ela explica: "Não tem psicologismo nenhum, ele só vive o momento, pula de circunstância em circunstância e uma não tem nada a ver com a outra. É antilinear".
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