Eles venceram onde projetos de sucessivos governos fracassaram ao longo da história do Brasil. Sem sair de casa, com um computador e uma conexão de internet tão ruim que é conhecida por “ciponet” ou “interlerda”, homens e mulheres de idades variadas vêm conseguindo integrar a Amazônia às demais regiões do Brasil – e ao mundo. Um número cada vez maior de blogueiros tem usado a rede para contar histórias de uma terra que, pela distância, muitas vezes só virava notícia quando era tarde demais. Denunciam desmatamentos, filosofam sobre o cotidiano, fazem literatura, discutem religião, aproximam geografias. Ao botar uma lupa sobre seu quintal, tornam-se cidadãos do mundo. Sua ação transforma o modo de olhar para a Amazônia – e também a forma como a Amazônia olha para as muitas partes de si mesma.
Numa pesquisa inédita, Cartografia da blogosfera no Brasil, Fábio Malini, professor da Universidade Federal do Espírito Santo, mostra que essa conquista da Amazônia é recente. Sua equipe analisou 300 blogs em quatro capitais: Belém, no Pará, Manaus, no Amazonas, Rio Branco, no Acre, e Macapá, no Amapá. Promoveu ainda encontros em Porto Velho, Rondônia, e Boa Vista, Roraima. Concluiu que quase 90% dos blogueiros da Região Norte fincaram sua bandeira entre 2007 e 2009. Possivelmente devido às dificuldades de acesso: segundo dados do Comitê Gestor da Internet no Brasil, até 2008 apenas 7% da população do Norte tinha acesso à internet em casa, em comparação a 25% no Sudeste.
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