
Um grupo de ativistas do movimento está comprando papéis no mercado secundário de dívidas nos Estados Unidos e perdoando os endividados

"Nos Estados Unidos, muitas pessoas estão se endividando para lidar com as necessidades básicas da vida", explica Ann Larson, ativista do grupo Strike Debt, formado a partir do Occupy Wall Street.

"Por exemplo quando as pessoas são hospitalizadas e não possuem plano de saúde, ou sem cobertura boa o suficiente, elas recebem uma conta. E se elas não conseguem pagar essa conta, o credor vende esta dívida em um mercado secundário de dívida."

É nesta transação que grandes lucros são realizados, diz Larson. As dívidas são vendidas por valores muito pequenos – em uma proporção que chega a cinco centavos por cada dólar devido.

Com isso, o credor original – como o hospital, ou o banco que o representa – recebe apenas uma fração do que é devido, mas o dinheiro é pago imediatamente. Para lucrar, o novo credor cobra a dívida no seu valor original diretamente da pessoa que não conseguiu pagar suas contas.

"Um coletor da dívida aparece e começa a assediar a pessoa, para fazê-la pagar a dívida", diz a ativista.

"O que nós fazemos: nós entramos neste mercado de dívidas e compramos as dívidas. Mas em vez de assediar os devedores, nós perdoamos a dívida."

O dinheiro foi arrecadado pelo Strike Debt através de uma campanha pedindo doações. A meta original do grupo para o mês de novembro de 2012 era juntar US$ 50 mil, que seriam suficientes para perdoar cerca de US$ 1 milhão em dívidas pessoais.

Larson conta que a meta foi cumprida em apenas um dia. Desde então, eles arrecadaram dez vezes este valor. Com os US$ 400 mil já somados, ela diz que foram quitadas e perdoadas dívidas pessoais no valor de US$ 14 milhões, muitas delas no setor de saúde.

Como as dívidas são vendidas por valores muito baixos no mercado secundário, uma pequena quantia em doações é suficiente para perdoar altas somas emprestadas.

Inicialmente o cálculo feito pelo Strike Debt é de que cada dólar arrecadado perdoaria US$ 20 em dívidas. Mas em muitos casos, eles conseguiram proporções ainda mais favoráveis.

"Nós não tínhamos ideia de que seríamos tão bem-sucedidos", diz Larson.Publicado na BBC Brasil
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