segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A criação seletiva de raposas revela por que as regras de beleza com seres humanos

article image
O que constituiu um rosto bonito é uma questão não apenas estética, mas também biológica. A finalidade última da beleza é sinalizar quem oferece boas perspectivas como parceiro. Como estruturas ósseas atraentes se formam e como estas comunicam características desejáveis, são grandes questões evolutivas.


Até hoje os experimentos para tentar determinar a base biológica da beleza foram do tipo “por-favor-observe-essas-fotos-e-responda-algumas-perguntas”. Mas algo realmente útil seria um experimento de acasalamento que permitisse acompanhar os formatos do rosto ao longo de várias gerações para compreender como essas formas se relacionam a variações em fatores que podem ser desejáveis em um parceiro. Esses podem incluir fertilidade, fecundidade, status social, saúde atual e resistência provável a infecções futuras.
Naturalmente seria possível executar tal experimento de acasalamento com pessoas. Mas como Irene Elia, antropóloga biológica em Cambridge, se deu conta, isso já foi feito nas últimas cinco décadas em uma espécie diferente de animal. Elia publicou sua análise desse experimento no periódico Quarterly Review of Biology. Os animais em questão são raposas.

raposa.gif
Essa história começa em 1959 em Novosibirsk, Rússia. Foi então que o geneticista Dmitry Belyaev
Picture

 começou um experimento, que continua até hoje. Ele tentou cruzar raposas prateadas (uma variação de cor da raposa vermelha 
Raposa
O elo parece ser hormonal. Hormônios como o estradiol e neurotransmissores como a serotonina, os quais regulam o comportamento, também condicionam alguns aspectos do desenvolvimento. Mudar um desses aspectos terá um impacto sobre o outro. Portanto em uma espécie em que a sociabilidade é favorecida porque essa espécie é social e os membros do grupo têm que se 


relacionar entre si – uma espécie como o Homo sapiens, por exemplo – uma face “amigável” é uma característica que pode ser ativamente procurada, tanto por parceiro como por crianças, por se tratar de um marcador de atitudes sociais desejáveis. E há evidências abundantes, revisadas pela Dra. Elia, que corroboram a tese tanto de que essas características são ativamente procuradas pelo Homo sapiens e que estas constituem um marcador desejável.
Características como aquelas vistas nas raposas de Belyaev (faces chatas, narizes pequenos, mandíbulas reduzidas e um fator de proporção alto entre a altura do crânio e a altura da face) estão, com efeito, na lista das características procuradas por homens nas faces das mulheres e vice-versa.

 E, o que é ainda mais intrigante, a presença ou ausência de tais características influencia a atitude dos pais em relação a seus filhos. Pelo menos 15 estudos constataram que mães tratam filhos atraentes de maneira mais favorável.

Nenhum comentário: