A inauguração da exposição "Manoel de Oliveira - 105 revistas", homenagem que publicações
especializadas em cinema e artes estão lhe prestando, foi um dos atos organizados na cidade que lhe viu nascer em 11 de dezembro de 1908.
O Museu Nacional de Imprensa exibe a partir de hoje artigos sobre o diretor divulgados pela "Cahiers du Cinéma", "Beaux Arts", "L'Avant Scéne Cinéma" e "L'Acchiappa Film", entre outras 101 revistas que fizeram matérias sobre ele.
Acompanhado de sua família, o diretor declarou aos veículos de imprensa que sua ideia é continuar filmando por muitos anos: "As vontades são muitas, mas as possibilidades, bastante remotas", admitiu.
As homenagens no Porto, onde Oliveira nasceu, se encerram com o lançamento de uma peça de
porcelana em tributo a um de seus filmes mais célebres,
"Aniki-Bóbó" (1942), considerado um precursor do neo-realismo italiano.
Oliveira, considerado o cineasta português mais reconhecido internacionalmente, é um incansável autor de quase 60 filmes, entre longas, curtas e documentários, caracterizados por sua profunda perspectiva cultural e histórica através da qual procura encontrar a harmonia entre a palavra e a imagem.
No dia de seu aniversário, o Estado português o homenageou também ao declarar a casa em que viveu por 42 anos, entre 1940 e 1982, "monumento de interesse público".
Situada na zona oeste do Porto, a residência obteve o reconhecimento tanto pela relevância de De Oliveira como por sua qualidade arquitetônica, associada a grandes nomes do modernismo português.
No fim de semana passado, a Orquestra Sinfônica do Porto também lhe rendeu um tributo, ao qual foi o primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho,
e em novembro se anunciou que o prestigiado Museu Serralves do Porto abrirá uma Casa do Cinema para o estudo de sua obra, de raízes cristãs e humanistas.
A passagem dos anos não prejudicou a criação do diretor, que a partir dos anos 80 lançou quase um filme por ano, com mais sucesso nos circuitos independentes do que entre o grande público.
"Francisca" (1981), "A divina comédia" (1991),
"'Non', ou a Vã Glória de Mandar" (1990) e
"Um Filme Falado" (2003) são três exemplos citados pelos cinéfilos como melhores expoentes da universalidade de sua obra, recebida em muitos casos pelo produtor português Paulo Branco.
Sua prolífica carreira, iniciada em 1931 com um documentário mudo e em preto e branco, "Douro, Faina Fluvial",
levou também prêmios como o Leão de Ouro de Veneza de 1985,
por "O sapato de cetim", e o
prêmio do Jurado de Cannes, em 1999,
por "A Carta".
Desde que em 2008 completou 100 anos, filmou quatro fitas de ficção, a última no ano passado intitulada
"O Gebo e a Sombra", baseada no texto de Raul Brandão e protagonizada por Michael Lonsdale, Claudia Cardinale e Jeanne Moreau.
Adelaide Maria de Oliveira Trêpa, filha de Oliveira, confirmou à EFE que seu pai se prepara para filmar em 2014 outra fita.
Para "O Velho do Restelo", um média-metragem que reflete sobre a história de Portugal através de textos de Camões ou Cervantes, só falta só o financiamento, calculado em cerca de 350 mil euros (R$ 1,12 milhão).
"Ainda não há o dinheiro, mas parece que o assunto está indo por um caminho bom", adiantou hoje mesmo o cineasta De Oliveira.
A falta de apoio à criação cinematográfica foi precisamente um dos cavalos de batalha de um diretor que trabalhou com figuras como John Malkovich, Catherine Deneuve e Alfredo Mastroianni.
"Eu não me queixo de nada, porque não adianta (...). Os governos deveriam auxiliar muito ao cinema, ajudando os produtores, não como um favor, mas como uma obrigação", disse Oliveira em um discurso público em 2009.fonte EFE, imagens internet
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