O filme "Macondo", em conta a vida de um adolescente checheno asilado com sua família na Áustria, fechou nesta sexta-feira a mostra competitiva ao Urso de Ouro do Festival de Berlim dominada por infâncias convulsas, à mercê de conflitos globais e dos dramas privados dos adultos.
Uma semana após "Jack", uma criança alemã que é chefe de família enquanto sua mãe continua na pós-adolescência, "Macondo",
dirigido pela germânico-iraniana
Sudabeh Mortezai, levou a história de um rapaz de idade semelhante, 12 anos, que é arrimo de seu núcleo familiar.
Entre um e outro filme, uma dezena de longas abordaram a situação de crianças e adolescentes descarrilados, abandonados ou simplesmente vítimas de um modo ou outro dos problemas gerados por seus pais ou pelo mundo em que habitam.
O americano "Boyhood", de Richard Linklater, ou o argentino "A terceira margem",
de Celina Murga, deram forma no Festival de Berlim ao cosmos da infância e da adolescência;
o alemão "Kreuzweg" expôs o mundo de uma moça submetida ao fanatismo católico; e
"Aloft", da peruana Claudia Llosa, retratou a busca da mãe perdida.
"Macondo" fechou a rodada, compartilhando o dia de competição
com o japonês "Chiisai Ouchi", uma romântica e pura história de Yoji Yamada.
Fora de concurso foi exibido "La belle et a Bete", um conto mágico de Christophe Gans interpretado por Vincent Cassel.
Esta produção francesa alegrou o dia com seu mundo de princesas loiras, galãs apaixonados e
simpáticas criaturas nascidas da animação computadorizada, em um festival que trouxe poucas estrelas para o tapete vermelho.
As presenças mais estreladas estavam fora de competição: George Clooney, que protagoniza e dirige
"Caçadores de Obras-Primas"," e Lars von Trier, mudo, mas vestindo uma camiseta escrito
"persona non grata" (em referência ao incidente do ano passado, quando foi expulso de Cannes), para a pré-estreia de "Ninfomaníaca Volume II".
O diretor do Festival de Berlim, Dieter Kosslick, tinha anunciado que o eixo temático deste ano seria a infância castigada, junto com a migração, e na excelente "Macondo" estes dois aspectos confluem.
Não foi um fim de festa dos que buscam flashes, mas a Festival de Berlim renunciou já alguns anos a tentar concorrer com Cannes no quesito fama e glamour.
Em vez disso, o festival se concentrou em mostrar apostas nem sempre facilmente digeríveis nos circuitos comerciais, à espera de que o júri liderado pelo produtor americano James Schamus distribua os prêmios.
A imprensa berlinense aponta para um "Urso alemão", por causa da ampla representação do
cinema anfitrião, quatro filmes dirigidos por cineastas do país e dez co-produções com financiamento alemão.
"Boyhood" deslumbrou o Festival de Berlim com seu "american way of life" que Linklater levou 12 anos para concluir e está na liderança da aposta oficiosa publicada pelo jornal "Der Tagesspiegel".
Se ficar na Alemanha, o mais forte candidato ao Urso de Ouro é "Kreuzweg", a via-sacra de uma moça sob os dogmas da Irmandade de Pio XII, segundo o ranking da revista "Screen" do Festival de Berlim (que não incluiu os dois últimos dias).
A grande aposta do "manda-chuva" da casa, Kosslick, era o cinema latino-americano e o asiático. Nessas duas órbitas, os mais bem recebidos foram, respectivamente, "A terceira margem", longa apadrinhado por Martin Scorsese e com financiamento do World Cinema Fund da Festival de Berlim,
e o western chinês "Wu Ren Qu".
Mas não se pode esquecer do filme que impactou por sua capacidade de submergir o espectador
no conflito norte-irlandês, "'71", do francês Yann Demange, ao qual poucos rebateriam o direito a um Urso.
Schamus e o resto dos membros do júri podem seguir a regra não escrita de não se deixar guiar por nenhuma aposta e optar por uma surpresa.
O Festival de Berlim tem um bom histórico de decisões nem sempre semelhantes a da opinião geral e inclusive um ou outro vencedor do Urso de Ouro nem encontrou espaço para estrear em
salas comerciais, o mais célebre caso é de "Carmen", sul-africano vencedor em 2005.
http://www.berlinale.de/
Uma semana após "Jack", uma criança alemã que é chefe de família enquanto sua mãe continua na pós-adolescência, "Macondo",
Sudabeh Mortezai, levou a história de um rapaz de idade semelhante, 12 anos, que é arrimo de seu núcleo familiar.
O americano "Boyhood", de Richard Linklater, ou o argentino "A terceira margem",
de Celina Murga, deram forma no Festival de Berlim ao cosmos da infância e da adolescência;
"Aloft", da peruana Claudia Llosa, retratou a busca da mãe perdida.
"Macondo" fechou a rodada, compartilhando o dia de competição
Esta produção francesa alegrou o dia com seu mundo de princesas loiras, galãs apaixonados e
simpáticas criaturas nascidas da animação computadorizada, em um festival que trouxe poucas estrelas para o tapete vermelho.
As presenças mais estreladas estavam fora de competição: George Clooney, que protagoniza e dirige
"Caçadores de Obras-Primas"," e Lars von Trier, mudo, mas vestindo uma camiseta escrito
"persona non grata" (em referência ao incidente do ano passado, quando foi expulso de Cannes), para a pré-estreia de "Ninfomaníaca Volume II".
O diretor do Festival de Berlim, Dieter Kosslick, tinha anunciado que o eixo temático deste ano seria a infância castigada, junto com a migração, e na excelente "Macondo" estes dois aspectos confluem.
Não foi um fim de festa dos que buscam flashes, mas a Festival de Berlim renunciou já alguns anos a tentar concorrer com Cannes no quesito fama e glamour.
Em vez disso, o festival se concentrou em mostrar apostas nem sempre facilmente digeríveis nos circuitos comerciais, à espera de que o júri liderado pelo produtor americano James Schamus distribua os prêmios.
A imprensa berlinense aponta para um "Urso alemão", por causa da ampla representação do
cinema anfitrião, quatro filmes dirigidos por cineastas do país e dez co-produções com financiamento alemão.
"Boyhood" deslumbrou o Festival de Berlim com seu "american way of life" que Linklater levou 12 anos para concluir e está na liderança da aposta oficiosa publicada pelo jornal "Der Tagesspiegel".
Se ficar na Alemanha, o mais forte candidato ao Urso de Ouro é "Kreuzweg", a via-sacra de uma moça sob os dogmas da Irmandade de Pio XII, segundo o ranking da revista "Screen" do Festival de Berlim (que não incluiu os dois últimos dias).
A grande aposta do "manda-chuva" da casa, Kosslick, era o cinema latino-americano e o asiático. Nessas duas órbitas, os mais bem recebidos foram, respectivamente, "A terceira margem", longa apadrinhado por Martin Scorsese e com financiamento do World Cinema Fund da Festival de Berlim,
e o western chinês "Wu Ren Qu".
Mas não se pode esquecer do filme que impactou por sua capacidade de submergir o espectador
Schamus e o resto dos membros do júri podem seguir a regra não escrita de não se deixar guiar por nenhuma aposta e optar por uma surpresa.
O Festival de Berlim tem um bom histórico de decisões nem sempre semelhantes a da opinião geral e inclusive um ou outro vencedor do Urso de Ouro nem encontrou espaço para estrear em
salas comerciais, o mais célebre caso é de "Carmen", sul-africano vencedor em 2005.
http://www.berlinale.de/
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