Em MG, Instituto Inhotim ganha mais nove obras permanentes, do artista japonês Yakoi Kusama
Instituto Inhotim, em Brumadinho, a 60 quilômetros de Belo Horizonte, inaugura para o público nesta quinta-feira, 1º, nove novas obras permanentes, na maior ampliação de seu conjunto artístico desde a inauguração, em 2004.
. De acordo com o alemão Jochen Volz, diretor artístico do Inhotim e um dos curadores da instituição, em obras dos "Nove Novos Destinos", o local oferecido para a montagem e suas possibilidades costumam influir nos projetos.
"Se há um fio condutor, este é a relação que Inhotim permite entre o artista e a natureza no processo de concepção da obra". É o caso de Sonic Pavilion (2009), uma construção erguida no meio da mata, no alto de um morro. Para alcançá-la, o visitante precisa seguir uma trilha isolada. O americano Doug Aitken criou um ambiente vazio, mas preenchido por uma transmissão contínua de estranhos sons emitidos a duas centenas de profundidade numa região fortemente associada à mineração
A paisagem no entorno fica embaçada quando o espectador se aproxima das paredes de vidros. Próximo dali, por outra trilha chega-se à obra De Lama Lâmina, do também americano Matthew Barney. No meio da floresta de eucaliptos, Barney (marido da cantora Björk) concluiu um projeto iniciado em 2004, a partir de uma performance realizada no carnaval de Salvador com o músico Arto Lindsay.
Artista que costuma se apropriar das mitologias locais, conforme Volz, o americano projetou uma enorme escultura dentro de domos geodésicos para apresentar uma narrativa sobre o conflito entre o orixá ferreiro Ogum, senhor dos metais, e Ossanha, o orixá das folhas e da mata. Barney fez questão de deixar no entorno os troncos das árvores que precisaram ser cortadas para que a obra fosse ali instalada. Uma das obras mais impactantes, Beam Drop Inhotim (2008), é a recriação ampliada de uma instalação de Chris Burden no Art Park, no Estado de Nova York,
Os novos destinos artísticos do Inhotim passam também pela instalação sensorial dos canadenses Janet Cardiff e George Bures Miller (The Murder of Crows - 2008). Eles reproduziram num galpão a obra já exposta em Berlim, um ambiente sonoro inspirado na gravura O sono da razão produz monstros (1799), de Goya. O visitante é convidado a se assentar ao lado de cadeiras nas quais caixas de som fazem o papel de músicos de uma estranha orquestra. Das caixas, também em pedestais e nas paredes, surgem uma aflita narrativa e sons diversos: revoada de corvos, marchas, cantigas de ninar, entre outros.
O público poderá apreciar também trabalhos do japonês Yakoi Kusama (Narcissus Garden Inhotim 2009)(foto acima de divulgação)do argentino Jorge Macchi (Piscina - 2009), das mineiras Valeska Soares (Folly - 2005/2009) e Rivane Neuenschwander (Continente/Nuvem - 2007) e do paulista Edgard de Souza (três estátuas de bronze sem título). "Não é só uma ampliação em si, mas a confirmação de uma proposta curatorial que é inédita e que permite, de fato, que muitos desses artistas realizem aqui o que eles consideram a obra-prima ou a utopia não realizável em outro espaço", conceituou a diretora-executiva Ana Lúcia Gazzola.
acervo artístico do Inhotim já contava com obras de artistas de renome, como Helio Oiticica e Cildo Meireles. A diretora afirma que ainda é difícil falar em investimento desembolsado para os novos trabalhos. A expectativa é que a visitação até o fim do ano chegue a 38 mil pessoas, contra 18 mil em 2008. Eduardo Kattah - O Estadão
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