terça-feira, 8 de setembro de 2009

GRAMADO2009 - DOCUMENTÁRIO CILDO MEIRELES

O primeiro documentário da mostra competitiva no 37º Festival de Cinema de Gramado foi exibido na noite de terça-feira (11/8). Cildo é a estreia de Gustavo Moura na direção de um longa e ele conversou com os jornalistas um pouco antes da exibição do longa no festival gaúcho. “Faço parte do novo momento do documentário”, afirmou o jovem diretor, reconhecendo esse crescimento visível das produções documentais no cinema brasileiro. “Hoje em dia, muito mais gente faz documentário, já que está mais acessível fazer cinema. Ainda é difícil fazer um filme, mas antes as pessoas não podiam nem tentar, os acessos aos meios eram muito restrito.
Cildo é resultado de três anos do trabalho do diretor, que foi conquistando aos poucos a confiança do artista plástico retratado, Cildo Meireles, avesso às câmeras. “Cildo detesta ser filmado, não gosta de holofotes. Sabia que ele estava se esforçando quando eu ligava a câmera; ele sempre aceitou tudo que eu pedia, mas não acompanhou nada de montagem, viu o filme pronto”, explicou o diretor.
“Ele disse que se vê no filme, esse foi o maior elogio que eu poderia ouvir.”
Claro que Cildo é um documentário de público restrito. Não é todo mundo que se interessa pelas artes plásticas e a produção foca na apresentação do artista, não num aprofundamento de sua obra, numa função didática. Aliás, isso nunca foi a ideia de Moura.“Tive a preocupação em tentar criar uma relação do filme com o trabalho dele, como ele está refletido na constituição do filme, como conteúdo e forma”, explica. “A estrutura do filme é análoga à maneira como o Cildo fala. Ele trabalha muito com instalações, obras grandes e sensoriais. Como passar a riqueza da obra plastica dele? Cada trabalho teve seu desafio. Tentamos usar o som, os percursos pra tentar fazer a pessoa entrar no clima do trabalho.” O filme mistura camadas em imagens, sons, passeia pelas obras de Cildo e o ouve, sobretudo, falando principalmente sobre sua arte e como momentos decisivos do passado foram de alguma forma marcante, influenciando o que ele cria.
Por conta desse tema, pela não-popularidade de um filme como Cildo, Moura confessou ter ficado surpreso ao ser selecionado para Gramado por conta da ausência de tradição de documentários no festival, diferentemente do É Tudo Verdade, que exibiu o documentário pela primeira vez, no início deste ano

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