segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

NELSON RODRIGUES O HOMEM QUE NÃO DEVE SER ESQUECIDO

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Nelson Rodrigues faleceu na manhã do dia 21 de dezembro de 1980, um domingo. No fim da tarde daquele dia ele faria treze pontos na loteria esportiva, num "bolo" com seu irmão Augusto e alguns amigos de "O Globo". Dois meses depois, Elza cumpriu o seu pedido — de, ainda em vida, gravar o seu nome ao lado do dele na lápide, sob a inscrição: "Unidos para além da vida e da morte. É só".


Nelson Rodrigues é uma unanimidade. É impossível ficar impassível diante da virulência de sua obra. Seu domínio do bicho palavra, e da ave sentimento, transformaram-no em uma corda literária de imensurável tensão. Suas expressões e axiomas transformaram-se em marca poética pessoal. Quase tudo escrito por ele anuncia o espanto, o insólito, o maravilhoso. E como já dizia Lautréamont “o maravilhoso está no banal”. E como Nelson sabia disso.

Gênio do teatro brasileiro, Nelson é comparável a qualquer gigante da literatura universal em transgressão, originalidade e invenção. Sua maneira de expressar-se é no mínimo destruidora. TNT implantado no prédio da linguagem pronto para explodir, para dizer o "indizível", desvelar os labirintos de lama da alma humana, onde a verdade esconde-se, como escura secura em nós

. Sua obra reflete a existência nua e crua, e se não vivida por todos, ao menos reconhecida ou imaginada por muitos. Suas perversões condenam-nos a realidades impregnadas de mal-estar e indignação, no entanto jamais absurdas: em Nelson, as permissividades pornográficas tecem um raro tecido onde a família é o núcleo deflagrador de tudo, centro de toda danação, origem da tragédia.







O drama rodrigueano, seja em conto, no romance ou teatro, funciona como estopim para o desmoronamento moral. Sua escritura expressa a procura de um desconhecimento interior, um desconhecimento íntimo e por vezes monstruoso.


 Através da desconstrução da dor, seu texto, codifica processos psicológicos como manias, angústias, traumas, revoltas, taras, obsessões. Essa dor despertada em seus personagens revela nossas secretas obsessões, nossos medos inconfessos, nossa repulsa hipócrita ao imoral, que nos fragmenta em pedaços de santos e canalhas, nós que somos apenas humanos, demasiadamente humanos  postado por Pedro Vianna · Belém (PA) ·E REGINA BITTENCOURT

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