No dorso da água voraz e abrupta
A mulher acena e se precipita
No desenho de um paraíso despovoado
Arco-íris a riscar o céu plúmbeo
Negro poço dos belos dias
A matéria bruta das mãos
Enfim acena e se agita
Mas não se sabe se canta
Ou se grita os versos desta canção
Talvez escreva um poema
Os dedos a unhar o coração
Fundo poço dos belos dias
Ela desliza sobre a crista
A flutuar na suja espuma
As mãos em chamas a clamar
Enquanto rabisco seu nome
Negro poço do meu soneto
Em que se consome
Quem há pouco escavava
O abismo dos belos dias
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