Ariosto será homenageado pelos poetas, escritores e seus colegas jornalistas nesta terça-feira(26/01), no Café Martinica, a partir das 21h
Ariosto Teixeira,
O poeta que desafiou o medo
Paulo José Cunha
Raramente nos víamos. Mas quando nos encontrávamos havia uma certa cumplicidade, e nos olhos, ao nos cumprimentar, uma espécie de “nunca nos esquecemos um do outro embora nos vejamos tão pouco”. Sabia quase nada da vida dele. Só que era ótimo repórter. Juntos, nos iniciamos no jornalismo político, freqüentando o Comitê de Imprensa da Câmara.
Sabia que cursara Ciência Política, tal a sua paixão “científica” pela área. Que gostava de caiaques. Principalmente sabia que era elegante, discreto, firme em suas convicções. E que sabia sorrir um riso tímido, reservado. Não me recordo da última vez que o vi às gargalhadas. Eram raras. Também nunca o vi triste, mesmo quando a doença já o devastava, e os sinais eram visíveis nas faces pálidas, encovadas. Mas os olhos – ah, os olhos do meu amigo! – sempre foram vivos, alegres e argutos. E sua voz tinha uma tranqüilidade e uma segurança que atordoavam, principalmente quando recitava.
Sim, porque meu amigo Ariosto Teixeira, nosso “Tchê”, era poeta, poetão, poetíssimo. Desses que, ao mesmo tempo em que dominam a língua como um domador a um potro selvagem, deixam a alma leve e livre para mergulhar pelos vales ou escalar as montanhas. Os mais próximos já conhecíamos a força de seu verso. Mas no primeiro Palavra Solta (atual Poesia da Lua), recital que reúne um grupo de poetas, e do qual Ariosto era um dos participantes, no Café Martinica, em Brasília, sentimos uma coisa diferente. Uma pancada. Foi quando ele, já bem magro, mas com voz segura e firme, subiu ao pequeno palco e calou o bar ao ler o seu magnífico O niilista medroso
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