Em fase ecológica, o vídeo das últimas Panteras-OnçasEntre dezenas de projetos a ecologia no cinema e vídeo, o cineasta/ videasta Sérgio Vladimir Bernardes, carioca, de 36 anos fez um belo documentário rodado no Pantanal: "Panthera Onça", realizada através do Centro de Produção Cultural e Educativa da Universidade de Brasília, associada a Ema Vídeo (fax 061274-6683), que, a partir da próxima semana, estará comercializando cópias deste produto (Cr$ 10 mil a unidade).Filho de um dos mais famosos arquitetos brasileiros, Sérgio Wlademir Bernardes estreou em 1968 com um filme udegrudi ("Dezesperato", 1968), que embora premiado em festivais nunca chegou aos cinemas, deixou pela metade um segundo longa - ("Madrepérola"), fez alguns curtas e viveu muitos anos Exterior - participando de vários trabalhos (entre os quais um filme sobre Baudelaire, premiado em Cannes). Vivendo hoje entre o Rio e Brasília, passou meses fazendo mais de 10 horas de filmagens no Pantanal, do qual extraiu um vídeo de 45' (para televisão) reduzido em 20 minutos na cópia para as locadoras que mostra sua preocupação com a sobrevivência da Pantera Onça - a chamada "onça pintada" - uma das espécies mais ameaçadas de extinção. Com dois outros projetos na linha ecologia - quanto as tartarugas voam " é um vídeo sobre a falta de educação ambiental (ambos com vistas para a Eco-92), Bernardes diz sobre "Panthera Onça". - "Um vídeo procura mostrar homem-onça versus onça-homem, como se estivéssemos a um só tempo mostrando ficção e realidade. Buscou-se um novo caminho para o documentário".Além da belíssima fotografia de Valdir Pina, o vídeo é valorizado por uma instigante trilha sonora de Guilherme Vaz, compositor dos mais respeitados nos meios da música contemporânea, há anos radicado em Brasília onde é professor. A trilha de Vaz dá um envolvimento perfeito às imagens deste vídeo que deveria [ser] mostrado em todo o país.Vinícius de Moraes, cuja presença está mais viva do que nunca - inclusive na edição de suas obras completas pela Companhia das Letras - ganhou um novo documentário sobre sua vida e obra, que acrescenta aos filmes que sua filha Suzana, David Neves e Roberto Newman, entre outros, já lhe dedicaram. "Meu Tempo é Quando" que Antonio Carlos Fontoura realizou para a Metal Vídeo, ainda inédito na televisão.Fontoura, 44 anos, que entre seus curtas metragens documentou Heitor dos Prazeres (1966) e Gal Costa (70), e fez o média "Brasília segundo Alberto Cavalcanti" (82) e que no longa-metragem tem obras marcantes como "Copacabana me engana" (68), "Rainha Diaba" (77) e "O espelho da carne" (84), voltou-se, afetuosamente, ao universo de Vinícius de Moraes (1913-1980). Acrescentando a imagens de arquivos e cenas diversas em que o poeta (e seus amigos) falam, este vídeo traz um inédito depoimento da segunda esposa de Vinícius, Gisa Boscoli - que lembra, com saudade e ternura de seu original encontro com o poeta de "Eu Sei Que Vou Te Amar". Emotivo, delicioso de ser visto, "Meu Tempo é Quando", em vídeo - acrescentou-se a dois outros momentos de referência musical levados ao festival [de] Brasília: o excelente "Nosso Amigo Radamés Gnatalli" dos cariocas Moises Kendler e [Aluísio} Didier e "Isto é Noel Rosa", de Rogério Sganzerla - misturando ficção e realidade com resultado desigual (o que fez com que não recebesse nenhuma premiação, motivando o seu realizador a protestar contra o júri na noite de encerramento). A Galáxia de Bressane - Cineasta vanguardista, Júlio Bressane, 45 anos, que no ano passado conseguiu prêmios em Brasília com sua leitura vanguardista de "Os Sermões de Vieira", este ano compareceu com um vídeo igualmente intelectualizado: "Galáxia Albina". Em colaboração com o poeta concretista Haroldo de Campos, num projeto que deverá estender-se em forma de trilogia, este vídeo de 45 minutos é de uma construção avançada - conduzido pelas cult-stars [Giulia] Gamm e Beth Coelho ( a predileta das montagens de Gerald Thomas), mas intercalando também seqüências cinematográficas de "O Segredo das Jóias" (501, de John Huston), "Macbeth" (48, de Orson Welles) e, principalmente, "Moby Dick" (56,de Huston), interligando-se entre muitos textos e citações. Um momento de emoção: a entrada (em preto e branco) de Paulo Leminski (1944-1989) dizendo que seus sonhos "eram dirigidos por Fuller, Hawks, Ford, Welles e outros cineastas". Em sua inteligente irreverência, o autor de "Catatau" completa:-"Como sonhei 60% de minha vida, posso dizer que 60% dela foi dirigida pelo cinema americano".
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Nem só de ecologia e poeta foi a Mostra Informal de Vídeo, a realidade das crianças de rua surgiu num vídeo de 20 minutos, "Crianças Abandonadas" realizado por Tania Quaresma, 40 anos, que após dois notáveis documentários ("Nordeste: cordel, repente, canção", 75; "Trindade: curto caminho longo" 76/78) foi morar em Brasília, onde é [funcionária] da Fundação Cultural. Voltando há dois anos a dirigir em vídeo, Tania focalizou um tema atual e social - que tem também outro documento impressionante - o média-[metragem] em 35mm, "A Guerra dos Meninos", de Sandra Werneck, baseado no livro-denúncia do jornalista Gilberto Dermestein ( diretor da sucursal da "Folha de São Paulo"), injustamente cortado pela comissão de seleção. Sandra tentou, de todas as formas exibir o seu filme, mas não conseguiu - prometendo levá-lo a Gramado. Seria interessante que a secretária municipal da Criança, sra. Fany Lerner, convidasse estas duas realizadoras a trazerem seus filmes a Curitiba, para uma sessão especial.
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