domingo, 9 de dezembro de 2012

Clarice Lispector: muitas facetas, todas brasileiras

Clarice Lispector morreu no dia 9 de dezembro de 1977, a um dia de completar 57 anos, no Rio de Janeiro. Essa grande brasileira na verdade não nasceu no Brasil, mas em Tchelchenik, na Ucrânia, em 1920.
No entanto, veio para cá já aos dois meses de idade, quando se instalou com
a família, primeiramente em Maceió, e depois no Recife.
Em 1942, procurando antecipar o seu processo de naturalização, a jovem escritora enviou uma carta ao então presidente da República, Getúlio Vargas, em que para argumentar se definia e falava de seu futuro: Uma russa de 21 anos de idade e que está no Brasil há 21 anos menos alguns meses. Que não conhece uma só palavra de russo mas que pensa, fala, escreve e age em português, fazendo disso sua profissão e nisso pousando todos os projetos do seu futuro, próximo ou longínquo (…) tudo que fiz tinha como núcleo minha real união com o país e que não possuo, nem elegeria, outra pátria senão o Brasil.
Poderei trabalhar, formar-me, fazer os indispensáveis projetos para o futuro, com segurança e estabilidade. A assinatura de V.Exª tornará de direito uma situação de fato. Creia-me, Senhor Presidente, ela alargará minha vida. E um dia saberei provar que não a usei inutilmente.

Com isso, Clarice Lispector já deixava registrado que vivia para escrever, e que a sua língua era o português. Ela deu aulas do idioma e atuou como jornalista antes de começar a publicar romances. O jornalismo foi importante para que, ainda bem nova, se aproximasse de nomes como Antônio Callado, Hélio Pelegrino, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga.

Clarisse com Maury
 Apenas dois anos depois de escrever a carta ao presidente, Clarice já estaria começando a cumprir a quase profecia contida na última frase do trecho reproduzido neste artigo: em 1944 foi lançado o primeiro romance da autora,

 Perto do Coração Selvagem. O livro aborda a solidão e a incomunicabilidade humana, utilizando uma linguagem que se aproxima da poesia.

Em março de 2005, o jornal americano New York Times lhe deu consagração internacional ao chamá-la de Kafka da América Latina.

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