"Era um rabisco e pulsava"
Carlos Drummond de Andrade
Era só um rabisco no ermo que atordoa os poetas
Um sopro ponteando o nada
aos mais concreto do lugar nenhum.
Um verso solto que de tão plano,
devia só ter a altura de um horizonte embaçado.
Desses que só os olhos desertos de utopia
são capazes de umedecer.
Pura cicatriz em nanquim, regada a lápis de cor.
Depois vieram os retoques, as curvas
arquitetadas com inspiração dos céus.
Esperamos os quase mil dias de tua gestação
para te ver nascer poesia concreta,
além dos números, suspensa,
na alvorada que toca deus e o chão.
Abençoada pelas mãos de Drummond
Estampada nos vãos, na urbana legião de amores,
ideologias, praças e poderes.
"Teus endereços sem alma"
fingem a igualdade que só se conhece
com o sabor do humano que te inventa.
Mimeografei o futuro na geração
que poemou farinha com iogurte.
Aprendi teus sotaques e o candango
jeito de provebiar-te simples como o povo.
Só para cantar teu contorno nave
Só para abençoar teu corpo pássaro
que agora prepara as asas para o grande vôo
que pressente a história. fotos google
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