LENDO O TEXTO ABAIXO POSTADO NO BLOG MOSAICOS DO BRASIL DO MEU QUERIDO COLEGA Gougon, jornalista, mosaicólogo .
Do artista Douglas Marques de Sá muito já se falou, sobretudo de sua trajetória iniciada em pintura na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, no início dos anos 50, e aperfeiçoada no Museu de Arte Moderna, também no Rio, e no Museu de Arte de São Paulo, tornando-se posteriormente mestre nessas mesmas instituições.
Depois de uma coleção de prêmios no eixo Rio-São Paulo e de um período de vivência na Europa e nos EUA na segunda metade dos anos 60, esse paulista de S. José dos Campos transfere-se para Brasília em 1972, passando a dar aula no antigo Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília, por onde se aposentou há poucos anos.HOJE 81 anos, em seu ateliê no Lago Sul, de onde brotam continuamente telas originais e inesperadas, sinalizando a inquietação permanente do artista.
que poucos sabem, no entanto, é que, na base de sua formação acadêmica, Douglas participou da grande aventura do mosaico nos anos 50 no Rio de Janeiro, que atraiu toda a constelação modernista, de Di Cavalcanti a Portinari, de Carlos Bracher a Quirino e Hilda Campofiorito, de Antonio Carelli a Flávio Shiró, de Volpi a Clóvis Graciano, de Burle Marx a Calabrone.

Assim como Athos Bulcão, que até a véspera de mudar-se para Brasília realizava mosaicos no Rio de Janeiro, Douglas também encontrou, nas novas edificações da cidade, uma clientela farta para os murais musivos.


Uma vez concluído, exibido e louvado pela crítica, o painel foi transportado para Belém e instalado no Aeroporto Internacional. Iluminou com sua graça o saguão de embarque e desembarque desde 1957 até os primeiros dias do golpe militar de 1964. Por essa época, o colunista Stanilaw Ponte Preta (pseudônimo do jornalista Sérgio Porto) percebeu que um festival de besteiras assolava o território nacional. E Belém não podia ficar de fora. Um oficial da Aeronáutica cismou com o painel de mosaico executado por Douglas provavelmente por discordar da militância política do autor e mandou derrubá-lo da noite para o dia. Assim, numa dessas manhãs chuvosas de Belém, a cidade amanheceu sem o seu painel, que retratava, com rara propriedade, as riquezas do Estado, suas matas e florestas, sua variedade piscosa, seus animais e seus pássaros e até mesmo o petróleo que começava a surgir na região, prometendo uma era de progresso.
Douglas não guardou fotos do trabalho, mas, a meu pedido, vasculhou o baú de trastes antigos e encontrou, bem guardados, os esboços originais da obra, que reproduzo aqui, deplorando a
Painel ganhou muitos estudos antes da forma final
A ditadura militar destruiu obras de arte e reprimiu todos sinais de vida inteligente no país. Feriu e sangrou o patrimônio cultural brasileiro e, neste caso, como diz a letra de uma saudosa canção de Pixinguinha, deixou cacos de vidro espalhados no meu coração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário